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“Sorvete do Bem” criado por Tupãense é destaque nacional

Jonas Montagnani doa cerca de 300 sorvetes por semana e atende os pacientes da Santa Casa de Tupã (SP). Fórmula do ‘Sorvete do Bem’ foi criada com a ajuda da nutricionista Adriele Simi para colaborar com a diminuição dos efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia


Infelizmente, tem alguns amigos meus que estão passando por essa situação e isso sempre me comoveu muito, porque é muito triste uma pessoa passar por isso. Desculpe o nó na garganta, é porque eu sou assim. Cada vez que pudermos ajudar, melhor. É a maneira que eu tenho de contribuir para a sociedade como cidadão”. 

É dessa forma que o morador de Tupã (SP), Jonas Montagnani, de 55 anos, explica a ideia de fazer e doar um sorvete que ajuda a diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia em pessoas com câncer. 

Ao G1, Jonas contou que tem sorveteria há 16 anos. Há dois anos ele viu uma reportagem sobre um estudodesenvolvido em uma universidade de Santa Catarina que criou uma fórmula de um sorvete voltado para o alívio dos efeitos colaterais de pacientes oncológicos. Ele se interessou por colaborar com o projeto.

“Há dois anos eu li em uma matéria que uma universidade de Santa Catarina estava desenvolvendo uma pesquisa científica a respeito de criar um sorvete para ajudar as pessoas na radioterapia e quimioterapia e eu fiquei muito interessado, porque pensei que era uma maneira de ajudar as pessoas” 

Segundo o sorveteiro, ele tentou entrar em contato com a universidade, mas sem sucesso. Então, soube que uma empresa havia comprado a patente da fórmula e, com isso, provavelmente não conseguiria mais participar do estudo.

O tempo passou, chegou a pandemia e o sorveteiro não conseguiu dar continuidade no projeto. Foi então que um parente precisou fazer tratamento oncológico no Hospital das Clínicas e na Associação de Combate ao Câncer de Marília. 

Ele passou a levar o paciente e ficava cerca de 5 horas esperando o tratamento ser realizado, quando acabou se aproximando das equipes. Na Associação de Combate ao Câncer, ele conheceu a nutricionista Adriele Simi e lembrou do projeto do sorvete. Foi aí que ele a convidou para ajudá-lo a criar a fórmula do sorvete, o que foi a realização de seu sonho.

“Ele me apresentou a ideia e pediu meu auxílio para formular um sorvete que atendesse as demandas e necessidades do paciente oncológico, prontamente me coloquei à disposição, contamos também com o apoio do vereador Eduardo Shigueru para viabilizar nossa ideia e colocar em prática com prontidão, visto que a causa é muito nobre”, explicou a nutricionista. 

Desenvolvimento da fórmula 

A nutricionista começou a pesquisar os ingredientes necessários para que o sorvete tivesse os nutrientes ideais para os pacientes com câncer. 

“A temperatura do sorvete faz com que anestesie as feridas da boca, minimize a sensação de náuseas seguidas de vômitos, provoque o aumento da produção de saliva, trazendo conforto e sendo sustento aos pacientes que estão passando pelo período de tratamento”

“Os pacientes em tratamento de quimioterapia apresentam sintomas que dificultam a ingestão alimentar adequada, muitas das vezes esses pacientes deixam de alimentar-se devido à impossibilidade e os efeitos colaterais causados pelo tratamento que são muito incômodos, como falta de apetite, náuseas e vômito, alterações no paladar, boca seca, dor para deglutir, feridas e inflamações na boca, ocasionando então a perda ponderal de peso e de massa muscular”, afirma.

Com os ingredientes necessários definidos coube ao Jonas a função de estudar para transformar tudo em um saboroso sorvete saudável. A vontade de fazer dar certo era tanta, que em cerca de 30 dias, eles conseguiram criar o ‘Sorvete do Bem’.

“Além de minimizar os efeitos colaterais causados pelo tratamento, promover o bem estar e muitas das vezes ser o único alimento que a pessoa com câncer consegue ingerir, ele tem a proposta de nutrir como um complemento alimentar. O sorvete fornece os nutrientes necessários no contexto alimentar saudável, possui alta densidade calórica, proteínas de alto valor biológico, fibras e muito mais”, afirma a nutricionista.

Repercussão nas redes sociais

Com a fórmula pronta, Adriele autorizou que Jonas distribuísse unidades do gelato e uma das primeiras pessoas a receber esse sorvete foi Fátima Cavalcante, de 54 anos, moradora de Tupã. 

“Eu acho que ele viu uma foto no meu Facebook, me mandou uma mensagem e me pediu para buscar o sorvete, Aí depois minha irmã disse para eu agradecer e minha sobrinha ajudou. Fizemos a foto, postamos no dia 21 de fevereiro e essa postagem foi longe”.

Fátima conta que já frequentava a sorveteria de Jonas, mas que ele não devia saber que ela estava passando por um câncer até ver sua postagem com os cabelos raspados.

Na imagem do post ela está acompanhada da filha de 35 anos e a sobrinha de 13 anos, que também rasparam o cabelo para demonstrar apoio à Fátima nesse momento difícil do tratamento. 

“Minha filha e minha sobrinha rasparam a cabeça para me dar um apoio. Na hora que vi minha filha e minha sobrinha foi uma emoção, eu achei lindo” 

O contato com Jonas para receber o sorvete especial aconteceu no dia 20 de fevereiro quando ela estava debilitada após retornar para casa depois de ser internada por 30 dias em São Paulo por conta do tratamento. 

A postagem de agradecimento ganhou repercussão, afinal a atitude do sorveteiro de fazer um alimento que alivia sintomas tão incômodos e distribuir de graça não é algo que se vê todo dia. 

“Como eu trabalho dia e noite, não vi essa divulgação, fui ver depois de cerca de 4 a 5 horas e estava bombando, um monte de gente compartilhando. E eu fiquei feliz, porque muita gente começou a procurar o sorvete e as pessoas me deram um feedback, por exemplo, a pessoa me ligava dizendo que estava com náuseas e depois do sorvete melhorou e voltou a comer”, explica Jonas. 

Alívio dos efeitos colaterais

O sorvete tem ajudado Fátima a lidar com os efeitos do tratamento para a metástase óssea, um câncer nos ossos, que vem enfrentando desde 2018, após ter sido curada de um câncer de mama em 2015. 

A falta de apetite devido a mucosite que causa feridas na boca e as constantes náuseas sentidas após ingerir os 4 comprimidos diários do tratamento radioterápico foram amenizadas com o sorvete, segundo Fátima. 

“Eu estava sem apetite, continuo comendo pouco e esse sorvete tem muitos nutrientes, é saboroso, gostoso de tomar. Quando eu tomo os remédios da quimioterapia eu tenho ânsia, tenho tudo, aí eu tomo o sorvete, ele refresca, ajuda nos efeitos colaterais” 

A tupãense consome o “Sorvete do Bem” todos os dias e vai até a sorveteria de Jonas uma vez por semana para buscá-los. 

“Eles foram uma benção para mim. Eu acho muito lindo, porque não só eu como os outros pacientes, quando eu fazia rádio todo mundo falava que tinha os mesmos efeitos colaterais. É um trabalho muito lindo dele, uma atitude que faltava no mundo, pra mim é uma benção” 

Ampliação da distribuição

Durante o início da ação, de acordo com o sorveteiro, eram doados 50 potes de 200 ml por sendo 5 para cada pessoa atendida, pois essa era a quantidade que ele conseguiria fornecer sem nenhuma ajuda financeira. 

Contudo, a iniciativa se espalhou e a procura pelo sorvete aumentou consideravelmente, chegando a produção e doação de 300 potes por semana. 

“Hoje eu estou fazendo 300 potinhos por semana e não estou conseguindo atender a demanda, tem muita gente doente e mais de 90% das pessoas que estão consumindo estão dando um retorno falando que se sentem bem e já retornaram aqui para pegar mais. Distribuo 5 potinhos por pessoa para 5 dias da semana”, conta o sorveteiro. 

As pessoas que buscam sorvetes todas as semanas têm um cadastro na sorveteria de Jonas e a cerca de 15 dias, com a colaboração do presidente da Câmara Municipal, Eduardo Shigueru e da Entidade Rotary Tupã Vanuire, eles começaram a doar os sorvetes para os pacientes da Santa Casa de Tupã. 

O vereador está colaborando financeiramente para a produção dos sorvetes e alguns doadores anônimos também estão enviando itens da fórmula que podem ser comprados no mercado, como leite zero lactose. 

“Eu sou uma pessoa simples, eu consigo sobreviver com minha sorveteria, mas como essa demanda está aumentando demais teria que organizar de uma maneira para que eu consiga dar conta, porque eu tenho medo de alguém ficar sem. Se eu tiver um apoio maior, a minha intenção é continuar com o projeto e ampliar”, diz.

O sorveteiro tem a iniciativa como um propósito de vida e pretende dar continuidade no projeto. 

“Eu tinha esse legado na minha vida, um dia eu queria fazer isso e estou conseguindo e torço para dar certo”, ressalta.

Fonte:G1.

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