Enquanto grande parte da população se ocupa em manter acaloradas discussões nas redes sociais sobre Lula e Bolsonaro, o Congresso Nacional e o Senado Federal têm tomado decisões com impacto direto no bolso dos brasileiros e muitas vezes sem a devida atenção pública.
A mais recente polêmica gira em torno da derrubada de vetos que, segundo especialistas, resultará em um aumento significativo na conta de luz, com estimativas que variam entre 3,5% e até 9% nos próximos anos.
Congresso derruba vetos e cria impacto bilionário
Na quarta-feira, 18 de junho, parlamentares derrubaram trechos vetados pelo presidente Lula que compunham o novo marco regulatório das energias renováveis. Entre os pontos restabelecidos estão subsídios ao Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa), benefícios para pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), usinas de biomassa e projetos de hidrogênio verde.
Na prática, o custo dessas decisões recai sobre os consumidores, que devem ver esse impacto refletido nas próximas faturas de energia elétrica.
De acordo com estimativas da Associação dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), as medidas podem gerar um custo adicional de até R$ 197 bilhões até 2050, representando um aumento médio de 3,5% nas contas. Já a consultoria PSR alerta que, em cenários mais pessimistas, o custo total pode chegar a R$ 545 bilhões, com alta potencial de 9% na tarifa.
O Congresso também aprovou o aumento do fundo partidário em 160 milhões.
“Jabutis” energéticos e falta de transparência
As chamadas emendas “jabutis, propostas estranhas ao tema central da legislação, mas inseridas em meio ao texto, foram criticadas por especialistas e entidades do setor elétrico. Para eles, essas medidas beneficiam grupos específicos à custa da coletividade, distorcendo o modelo de transição energética e provocando aumentos injustificados nas tarifas.
Internautas do X reagiram com indignação, levando a hashtag #CongressoInimigoDoPovo ao assunto mais comentados nas redes sociais. Muitos classificaram a decisão como “um tapa na cara da população”, num momento em que a inflação segue pressionando os custos básicos de vida.
Enquanto isso, a população paga a conta
A movimentação política que resultou no aumento da tarifa passou praticamente despercebida pelo debate público, ainda dominado por polarizações entre direita e esquerda. Essa distração coletiva cria um ambiente propício para que medidas impopulares sejam aprovadas sem resistência da opinião pública e com apoio silencioso de bancadas comprometidas com interesses econômicos específicos.
Ao final, a conta sempre chega. E, neste caso, chega em forma de boletos mais altos, menos transparência e mais uma demonstração de como a atenção desviada da população pode custar caro.
