
O Colégio de Cardeais elegeu nesta quinta-feira (8) o norte-americano Robert Francis Prevost como o 267º papa da Igreja Católica, marcando um momento histórico: ele é o primeiro pontífice nascido nos Estados Unidos a assumir o trono de Pedro.
Prevost, de 69 anos, escolheu o nome Leão XIV e foi anunciado ao mundo após quatro votações no segundo dia de conclave, realizado no Vaticano.
Perfil internacional e trajetória missionária
Nascido em Chicago, Prevost construiu uma carreira marcada pela atuação internacional. Missionário agostiniano, passou mais de duas décadas no Peru, onde se tornou bispo e obteve cidadania peruana, além da americana.
Sua experiência inclui liderança da Ordem dos Agostinianos, atuação como administrador apostólico e bispo diocesano em Chiclayo, e, mais recentemente, o comando do poderoso Dicastério para os Bispos no Vaticano – órgão responsável pela nomeação de bispos em todo o mundo.
Poliglota, Prevost fala inglês, espanhol e italiano, e é reconhecido por sua capacidade de diálogo com diferentes culturas e realidades sociais. Sua reputação é de moderado, com perfil conciliador e foco pastoral, características vistas como essenciais em um momento de divisões internas na Igreja.
Desafios e expectativas
A eleição de um papa americano rompe uma tradição de séculos e desafia antigos tabus geopolíticos, que viam a possibilidade com reservas devido à influência dos Estados Unidos no cenário global.
No entanto, analistas destacam que o perfil espiritual, diplomático e administrativo de Prevost pesou mais que sua nacionalidade – ele é considerado “o menos americano dos americanos” pelo jornal italiano La Repubblica.
Prevost assume o papado em um contexto de grandes desafios: a continuidade das reformas iniciadas por Francisco, o diálogo com diferentes correntes internas, a crise de credibilidade diante de escândalos e a necessidade de aproximação com jovens, pobres e marginalizados. Em recente declaração, ele afirmou:
“Não podemos parar, não podemos retroceder. Temos que ver como o Espírito Santo quer que a Igreja seja hoje e amanhã, porque o mundo de hoje não é o mesmo de 10 ou 20 anos atrás”.
Repercussão e simbolismo
A escolha de Leão XIV é vista como um gesto de abertura da Igreja para além da Europa e do Atlântico Norte, refletindo uma visão global e missionária.
Seu estilo discreto, humildade e compromisso com os mais vulneráveis são apontados como marcas de seu pontificado, que se inicia sob grandes expectativas de renovação e diálogo.
Com a eleição de Robert Francis Prevost, a Igreja Católica inicia um novo capítulo, guiada por um papa que une experiência internacional, sensibilidade pastoral e habilidade de liderança em tempos de transformação.