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A ABELHA E O ELEFANTE

A pergunta que mais o mundo anda fazendo atualmente é se as sanções impostas à Rússia de Putin pelo mundo ocidental serão suficientes para forçar no curto prazo as tropas Russas cessarem seu ataque, sua invasão da Ucrânia – especialmente contra a população civil do país. A resposta é sim e não.

O ‘Não’ fica pela demanda de uma reação imediata de Putin, que não deve ocorrer. Putin teria muito a perder no panorama doméstico onde sua imagem de ‘Rambo da Mãe Rússia’, de temido ditador ficaria seriamente abalada. Não o suficiente para derruba-lo, pois se cercou de generais, oligarcas, financistas que têm lucrado muito nestes últimos anos pelas suas mãos.  Mas transformaria a invasão da Ucrânia numa aventura cara em vidas, material bélico, inflação, desemprego, desvalorização do rublo – destruindo a percepção de todos os sacrifícios serem aceitáveis por um patriotismo disseminada na propaganda oficial do Pravda. ‘Apenas’ conseguir a anexação da Crimeia e das duas províncias de maioria étnica Russa – Donetsk e Luhanks – não é compatível com o esforço de guerra do exercito Russo até agora. Seria um ‘meia derrota’.

O ’Sim’ fica pelo efeito ‘Abelha’ das sanções em todas as atividades da sociedade Russa – o Elefante – no cotidiano da população Russa, nas inconveniências, nas dificuldades financeiras, de produção, de comercio, de exportação, de importação (causando eventual desabastecimento de produtos de consumo), no transporte, no entretenimento…enfim a lista é longa. Com o passar das semanas, o Elefante devidamente incomodado (talvez ao ponto de insanidade) bateria em retirada. A população Russa em termos históricos acabou de sair de oito décadas de desabastecimento e sofrimento da Revolução Comunista e começava a usufruir dos benefícios da sociedade de consumo, mesmo com a relativa liberdade e democracia. Estaria disposta a um ‘cavalo de pau’ voltando aos anos 60 pela aventura Ucraniana de Putin?

Começando:

  • 1. Transportes. A aérea Aeroflot suspendeu todos os voos internacionais com medo de seus aviões serem retomados pelas empresas de Leasing. Não consegue vender e receber passagens pelo bloqueio Swift interbancário internacional. Airbus, Embraer e Boeing pararam de enviar peças de manutenção para os aviões da frota. Voar de Ilushin além de perigoso é inviável e indisponível nas quantidades exigidas. As empresas internacionais suspenderam voos vindo e indo para a Rússia.
  • 2. Financeiro: A bolsa de Moscou está fechada para evitar que os preços das ações derretam. Os caixas eletrônicos não aceitam os cartões VISA, Amex e Mastercard, bloqueados. Goldman Sacks, Discover Bank, JP Morgan fecharam operações no país. Western Union suspendeu operações deixando milhares que dependiam de remessas para sobreviver. Mais de 150 mil turistas Russos estão presos em 36 países – Bali, Tailândia, no Caribe, sem poder voltar e sem dinheiro. As exportações e importações estão paradas nos portos que se recusam a trabalhar navios Russos. Os EUA finalmente proibiram a importação de petróleo Russo. Timidamente a Europa parece estar seguindo – atingindo a ‘cash cow’ Russa de Putin.      
  • 3. Investimento: BP abandonou seu investimento na petroleira Rosneft: US$ 25 bilhões. Shell idem na Gazpron: US$ 3 bilhões e no Gasoduto Nord Stream 2 (que dobraria a exportação de gás para a Europa). ExxonMobil brecou todos os investimentos incluindo o projeto de gás Sakalin-1: US$ 5 bilhões. Daimler, John Deere e Caterpillar brecaram toda remessa de peças e vendas, afetando mineração agronegócio e transportes.
  • 4. Poupança: O Rublo já perdeu 30% do seu valor evaporando boa parte da poupança interna da população russa. A inflação prevista por enquanto é de pelo menos 20-25% e queda de 5-10% no PIB Russo em 2022, corroendo salários e dificultando empregos.
  • 5. Consumo: Starbucks, Pepsi, Little Caesar, Papa John’s Pizza, Coca Cola, Carlsberg, Heineken, McDonalds, Nestlé, Unilever, H&M, Ikea, Puma, Nike, Adidas, Harley, Volvo, VW, Ford, Ferrari, Mercedes, Renault, Toyota, Sony, suspenderam operações de vendas e peças.
  • 6. Comunicações: Facebook, Instagram, Google, BBC, CNN abandonam o país depois das leis de censura de Putin.
  • 7. Internet Commerce: Amazon, FedEx, UPS suspenderam operações temporariamente, cortando o e-commerce Russo com o mundo exceto via China.
  • 8. Tecnologia: Apple, Dell, Netflix, Spotfy, Tik-Tok suspendem vendas ou operações. YouTube breca monetização de sites Russos.
  • 9. Esportes: Eliminada da Copa de 22, dos campeonatos Europeus incluindo Champions League, da Formula 1 (Piloto, Equipes e GP), da NHL (Hockey) da NFA, da NBA, da ATP (torneios e esportistas sob a bandeira Russa). Para a população ver a Copa sem a Rússia é tudo de ruim, no inverno.

Qualquer pessoa que faça um exercício procurando imaginar o que todas essas empresas, produtos, serviços, facilidades, comodidades significam em sua vida cotidiana, pode ter uma ideia como o Elefante está sangrando em todo seu corpo – que só aumenta a cada dia que passa…talvez não ao ponto de risco de vida, mas certamente como dito – num incomodo suficiente para uma debandada desenfreada…

Par finalizar não se pode esquecer a RUSSOFOBIA. Muitos anos e esforço serão necessários para consertar os danos que a marca Rússia sofreu em duas semanas em todo o mundo, se tornando uma nação pária, com a inevitável percepção e comparação com a Alemanha Nazista.

E Putin? Como todo déspota vivendo uma realidade paralela…ameaça agora nacionalizar os ativos das marcas do embargo. Joga gasolina na fogueira acelerando o êxodo, como fez maduro… Hussein… Gadafi…

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Sobre o autor

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Roberto Musatti

Roberto Musatti é formado em economia pela USP, com mestrado na Michigan State University e doutorado na California International Business University, em Marketing. Fluente em inglês, italiano e espanhol, possui diversos artigos científicos publicados.

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